quarta-feira, 22 de julho de 2009

SUSTENTABILIDADE: UM MODELO DE DESENVOLVIMENTO ESSENCIAL PARA O TURISMO BRASILEIRO

A fase de transição do século XX para o século XXI foi marcada por uma série de transformações que acarretou uma grande expansão do setor terciário, contrariando a tendência que predominou a maior parte do século passado onde a indústria garantia a economia mundial.
No bojo destas mudanças ocorreu um crescimento acelerado do setor turístico que passou a ser uma força propulsora em todo o mundo, movimentando a economia em enormes dimensões e assim ultrapassou várias atividades tradicionais. O desenvolvimento do turismo iniciou no século XIX com a Revolução Industrial, onde as pessoas conquistaram tempo, dinheiro e disponibilidade para viajar. No decorrer do tempo o capitalismo foi se firmando, os seres humanos passaram a viver diante de uma rotina turbulenta com violência urbana, congestionamento, poluição e pressão no trabalho, fatos estes que despertaram a necessidade da prática do lazer. Estes acontecimentos foram responsáveis pelo boom do turismo, aumentando o fluxo de demanda em vários centros receptores do mundo.
A atividade turística é complexa e dinâmica, visto que se relaciona com diversos setores, com o meio ambiente, com a cultura, com a sociedade e ainda depende de ações do poder público para o seu progresso.
Diante deste fato verifica-se que o turismo exige um olhar diferenciado para o seu desenvolvimento, não podendo ser tratado apenas como um vetor econômico, mas também deve ser considerado um fenômeno sócio-cultural, pois há uma interação entre turista, sociedade, cultura e meio ambiente. Ressalta-se ainda, que o turismo é um setor que pode gerar inúmeros benefícios quando é praticado com seriedade envolvendo os seus diversos aspectos, mas em contrapartida pode trazer vários prejuízos quando é visto apenas sob o enfoque econômico.
Surgi então à necessidade de adotar um modelo de desenvolvimento mais amplo, que além do crescimento econômico vise também o bem estar social e o uso racional de seus atrativos. Nesse sentido, aparece à sustentabilidade, um termo que tem se consolidado nas discussões atuais em todo o mundo.
A World Conservation Union (apud OMT, 2001, p. 245) define como: “o processo que permite o desenvolvimento sem degradar ou esgotar os recursos que tornam possíveis o mesmo desenvolvimento.”
Nota-se que é um modelo de desenvolvimento que utiliza seus recursos de maneira que não destrua para que as gerações futuras possam desfrutar. Contudo, pode-se compreender que é um procedimento essencial para o turismo, já que este depende da natureza, da cultura, da sociedade e da economia que são partes integrantes do seu produto.
Atualmente tem se falado muito em sustentabilidade ecológica que passa a ser uma preocupação para a maior parte dos indivíduos que vem sentido os impactos como o aquecimento global, porém para a atividade turística não basta buscar apenas a preservação do meio ambiente é fundamental que conserve também a cultura e a sociedade, proporcionando assim uma melhor qualidade de vida.
Para atingir este novo modelo no turismo, uma estratégia se faz necessária, ou seja, é imprescindível a implantação de um planejamento que se tornou diante das novas perspectivas mundiais uma ferramenta indispensável para o manejo do setor. Através desta técnica será possível fazer um diagnóstico da atual realidade que indicará ações que devem ser feitas para buscar a sustentabilidade. Ainda vale ressaltar que este planejamento deve ser revisado, pois a atividade é meramente frágil, podendo ocorrer à necessidade de mudanças ao longo dos acontecimentos. Um exemplo claro que o segmento está exposto a transformações que não se espera é a epidemia da “gripe A” que se espalhou por diversos locais do mundo, afetando negativamente o fluxo de pessoas por estes lugares.
Em se tratando do Brasil, pode-se observar que algumas cidades passaram a entender a necessidade de implantar um planejamento que direcione a preservação, porém ainda em porcentagem muito reduzida, dado que a maioria ainda pensa exclusivamente nos aspectos financeiros, olhando somente para o lucro do negócio.
Como mudar esta realidade?
O primeiro passo é do poder público, que precisa direcionar suas ações nos processos de planejamento não visando apenas à elevação da demanda, deve olhar também para a qualidade do produto oferecido, requisito principal diante das exigências dos novos consumidores do século XXI. O governo federal tem investido densamente em campanhas publicitárias e créditos facilitados para viagens, mas não se escuta falar em projetos de educação turística, de qualificação profissional, de implantação de leis que regulamente a profissão de turismo, de estudo de capacidade de carga, dentre outras ações que são indispensáveis para um desenvolvimento responsável e saudável. No entanto, o poder público estadual e municipal segue o mesmo caminho, não se preocupando em buscar ações que sustente a prática e gere benefícios ao pólo-receptor.

Em relação aos empresários do ramo também é necessário uma transformação em seu conceito de organização turística, precisa buscar novos processos direcionados ao sistema de qualidade especialmente quando se refere à mão de obra qualificada, deixando de lado assim, a estrutura familiar que predomina em várias empresas do setor.
A população local também é peça fundamental na produção do turismo, deve se integrar nas decisões do planejamento, pois através desta atitude perceberá que o desenvolvimento com responsabilidade pode melhorar a sua qualidade de vida.
E por último o turista, que necessita compreender que não pode degradar o meio ambiente, agredir os costumes locais, incomodar os residentes, para que possam usufruir de tal localidade pelo resto de suas vidas e não tirar a oportunidade de futuras gerações desfrutarem também.
Fica claro que para o Brasil alcançar o turismo sustentável é preciso uma mudança no comportamento e nas atitudes de todos que integram a atividade e para isso o poder público federal deve-se preocupar em desenvolver o setor, já que maior parte das cidades brasileiras possui apenas potencialidade turística e está longe de ser considerado um verdadeiro produto turístico.

Um comentário:

  1. Estimada professora
    Parabens pela clareza com que expõe as barreiras que teremos que transpor para alcançarmos o desejado titulo de destino turistico de qualidade.

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